segunda-feira, novembro 23, 2009

Al(g)arvidades

Pensei que seria impossível uma região cair e recair no ridículo em duas semanas consecutivas. Enganei-me. O Algarve, não contente por já estar lá em baixo onde já se apanha aquela aragem africana, decidiu bater no fundo, por duas vezes. Talvez fosse a aquela velha rivalidade sotavento-barlavento que originou este campeonato de estupidez.
Recapitulando: na última semana, quando quase todos nós já nos tínhamos esquecido de que se trata da terra do Zezé Camarinha e estávamos, vá lá, a olhar para algum respeito para a cidade, apareceu Portimão, toda lampeira, a surpreender tudo e todos. Com quê? Com um agrupamento de funcionários públicos em estilo Live 8 a cantarem uma ode à sua profissão, uma lindíssima versão de We Are The World, com um ligeiríssimo problema de métrica (ver vídeo). Vale a pena ver de novo: o “clip” começa com um gajo que deve ter um carro quitado, com uma lontra ao lado, e prossegue com um imitador do Toni (o do Benfica, claro está) acompanhado pelo clone algarvio do Roberto Carlos.
O problema é que, uma semana depois, surge Faro, a puxar os galões de capital de distrito e toma a liderança da Liga da imbecilidade do Algarve. Ainda não estava refeito da eleição de Macário Correia, e Faro voltou a surpreender-me. Desta vez, a ideia prodigiosa para ocupar aquele estádio que custou 60 milhões e serve de palco às finais da Taça da Liga foi aquela velha tradição portuguesa: Guinness, claro está. Não a cerveja irlandesa em que a espuma anda ao contrário - dessa, os algarvios já estão fartos de servir aos camones -, é mesmo o livro. Pelo menos, desta vez, foi um recorde a sério. Uma coisa que nos faltava para nos orgulhar a todos enquanto povo. Depois da maior boroa do mundo, do maior pote de ferro, da maior feijoada, da maior bôla de carne e do maior gambuzino malhado arraçado de piopardo, eis que Faro se lembrou de fazer uma coisa como deve de ser: o maior derrube de dominós humanos em colchões. Acho de desde a passada terça ou quarta-feira somos os melhores do mundo a fazer isso. E Faro deve estar toda orgulhosa, agora que venceu os Zé Cabras portimonenses metidos a Geldofs de vão de escada. Faro é agora, oficialmente, a cidade com mais atrasados mentais por metro quadrado. Ninguém ponha mão nisto e daqui por uns tempos que venha a associação de hotelaria do Algarve dizer que as camas têm taxas de ocupação muito baixas. Pudera! Os colchões são para andar a brincar aos recordes.


segunda-feira, outubro 12, 2009

Urnas para que vos quero?

O candidato socialista à Junta de Freguesia de Ermelo continua "a monte" depois de assassinar o marido da autarca sua concorrente, candidata pelo PSD/PP, a tiros de zagalote, numa mesa de voto. Pior do que ter contribuído com um forte motivo para aumentar no futuro os índices de abstenção e, concomitantemente, aumentar o número de urnas em dia de eleições, António Cunha, conseguiu outra proeza nefasta: teve actos incongruentes com a sua retórica ainda antes de ocupar o cargo, e não depois, como é hábito por essas autarquias pelo país fora. Pela primeira vez na história, há um candidato que entra em contradição com o slogan da sua campanha, em vez de, esperar um pouco, e divergir, isso sim, do seu programa eleitoral. Ou então sou eu que estou a confundir tudo, e afinal, tal como há pontos escondidos nos programas, também havia alguma frase escamoteada no cartaz do candidato. Trocando por miúdos. O lema do cartaz de António Cunha é "Ermelo não pode ter medo" e, na melhor das hipóteses, devia de ser "Ermelo não pode ter medo... A não ser que eu me lembre de entrar numa assembleia de voto com uma caçadeira na mão!"

Até logo.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Testes

Pelos vistos fizeram um teste àquela moça sul-africana de ar robusto e descobriram-lhe uns testículos. Sim, a atleta Caster Semenya é, por assim dizer, um "raparigo". A partir de agora, sempre que passar à porta de uma tasca de Joanesburgo, ela pode finalmente e com toda a propriedade ser alvo de piadas tão edificantes como: "olha a Caster! vem com uma saia tão curtinha que até se lhe vêem os 'tomates'."
Nesse sentido, aqui vai a desdramatização de outra polémica desportiva da semana passada. No teste que fizeram ao ciclista Nuno Ribeiro, a única coisa que lhe descobriram foi eritropoitina de terceira geração. Pode ser preconceito meu, mas sinceramente não estou a ver qualquer tasqueiro, trolha ou taxista de Rebordosa gozar com o rapaz só porque ele tem muitos glóbulos vermelhos no sangue.

Até logo.

sábado, setembro 05, 2009

Boca foleira

Hoje a minha mãe foi à lota de Matosinhos e trouxe um tamboril. A propósito, e por falar em seres vivos de boca desproporcionada, li em qualquer lado que lá acabou o jornal de sexta-feira de uma ex-promotora do detergente Ariel. Aquilo que parece uma benesse para o jornalismo é um rombo considerável na ficção nacional da TVI. Ou seja, entre a 97.ª temporada de "Morangos com Açúcar" e uns episódios especiais de duas horas cada de "Deixa que te Leve", "Flor do Mar" e "Sentimentos", passa a haver um intervalozinho para notícias. É para desmoer, certamente. Depois digo se o tamboril estava bom. Por mim, prefiro em filetes.

P.S.: No outro dia a minha avó disse que os morangos de agora não são como os de antigamente. Como já perdi a conta aos anos em que esta xaropada da TVI está no ar, fiquei sem saber se ela se referia ao facto de o fruto ser agora criado em estufa e, portanto, ser mais - como direi - "desenxabido" ou se é por ter saudades de ver o beto do Pedro Granger a fazer o papel de aluno de um colégio do Estoril.

sexta-feira, julho 17, 2009

Florivelha

Luciana Abreu, uma rapariga que falava com árvores e detestava os ricos, assumiu o namoro com Yannick Djaló, o “conguito” de Alcochete, também conhecido por ser o pequenote que aperta as chuteiras ao Liedson. Discordo e esta especulação revisteira começa a ser exagero. Lembro-me que, há não muito tempo, Lucy veio com a história que queria adoptar uma criancinha africana, com ranho no nariz e doencinhas, e, dessa forma, tornar-se numa espécie de Madonna precoce de Mafamude, capaz de cantar, representar e, lá está, adoptar um pretinho. Não tendo visto nada de espectacular no catálogo da UNICEF 2008/09, Lucy terá encontrado o que procurava numa caderneta da Panini. Conclusão: Não namora com Djaló, mas adoptou o pequeno guineense com cara de imberbe.

P.S.: Por falar no tetra-vicecampeão português: Houve um engraçado qualquer que escreveu que o Real Madrid anda atrás de João Moutinho (o anão luso com mais "queda" para o futebol, sobretudo na grande área). Não percebo porquê, até porque tenho quase a certeza que os "merengues" já têm um puto qualquer a fazer de mascote.
Até Logo.

domingo, junho 07, 2009

La firma Pereira

Pelo segundo ano consecutivo o FC Porto gama um uruguaio dos canhotos ao Benfica. Melhor, Álvaro Pereira diz que assinou em quatro minutos, batendo em 60 segundos o recorde estabelecido no defeso anterior por Cristian Rodriguez. Mesmo assim, se nos estivermos a referir em específico ao acto de colocar o nome num papel, parece-me que demoraram demasiado tempo a fazê-lo. Quatro minutos? Uma eternidade...
Digo-o com conhecimento científico já que me dei ao trabalho de cronometrar o tempo que levo a minha assinatura e, mesmo em triplicado, não demoro mais do que o instante em que o diabo esfrega um olho.

Com efeito, baseado nesta larga amostra de dois indígenas charruas, sou levado a tirar uma conclusão entre quatro possíveis sobre uruguaios canhotos:
A) Deixaram de estudar no ciclo e por isso enganam-se a escrever o próprio nome.
B) Têm um atraso mental que os obriga a pegar devagarinho numa caneta.
C) É gente dada às artes e que gosta de desenhar bem a sua rubrica num contrato.
D) Os pais deles têm uma panca como a do D. Duarte e baptizaram-nos com cinquenta nomes próprios; do tipo: Cristian Miguel Gabriel Rafael Arcanjo Aguilera Olivera Fonseca Barrotti de los Santos Hermosos de Llosa Vargas Mendoza y Rodriguez

Não me digam que “assinar” é um termo usado de forma lata, que se refere efectivamente à reunião e ao convencimento do jogador, porque isso seria muito pior. Um futebolista profissional que demora mais do que dez segundos descobrir as vantagens de preferir o FC Porto ao Benfica é simplesmente uma besta que não sabe a sorte que tem por ter encontrado um rumo para a sua errática carreira.
Hasta luego.

sábado, maio 23, 2009

Marinho vence por KO técnico

quarta-feira, maio 20, 2009

O Espinho da doutora

Anda tudo escandalizado com a história da professora de História. Pelo visto a docente passa as aulas a falar sobre temáticas sexuais de forma tresloucada a alunas de 12 e 13 anos. Não me choca. Ou melhor, até choca. Mas para isso tenho uma explicação plausível: A gaja é maluca e “tem falta de homem”, parafraseando o deputado Pedro Duarte, do PSD – que há uns tempos terá utilizado essa expressão no seu twitter a propósito de uma convidada do programa Prós e Contras e depois sacudiu a água do capote. Aquilo para o que não encontro explicação é para o facto de a professora de Espinho querer ser tratada por “senhora doutora” pela mãe de uma aluna, por ter estudado muito mais que a senhora, e no momento seguinte à sempre elevada demonstração de pose e estupidez brindar-nos com dois pontapés na gramática. Citando: “Tu não sabes no que te ‘METESTES’! O meu filho é ‘AMIGUISSÍMO’ do teu ex-namorado…” Tanto ano para estudar para, em dez segundos, a doutora dar dois erros crassos de português. Uma excelente média de calinadas, sem dúvida. Fico feliz por nunca ter tido aulas com ela. Se tivesse tido, e sem fugir muito à sua matéria preferida nas aulas, não me importaria nada de lhe dizer onde é que a “doutora” devia de meter o tal canudo que tanto a orgulha.

sábado, maio 02, 2009

Vital, vital é passar despercebido


Vital Moreira já foi agredido e insultado pelos seus antigos correligionários comunas, vermelhos de fúria, em pleno 1.º de Maio. Solução inteligente: antes que seja atacado com foices e martelos (ou picaretas, como o Trotsky), o cabeça-de-lista do PS às Europeias encontrou um disfarce para usar durante toda a campanha. Vai vestir-se de Avô Cantigas. Para tal, o constitucionalista apenas terá de trocar a gravata por uns suspensórios e aprender a letra de “Fantasminha Brincalhão”.



A foto já dá para vislumbrar qual será a postura a adoptar por Vital Moreira da próxima vez que se cruzar com o pessoal da intersindical.

Até logo.

Ainda o cão de Obama

Depois de Olivença e do Saramago, os espanhóis voltaram à carga para tomarem como seu algo que é só nosso. Pelos vistos, houve um periódico do país daqui do lado a escrever que o Obama levou para a Casa Branca um “cão ibérico”. Vejam bem, ibérico! Que lata!
Tecnicamente, o cão nem é totalmente português... A raça é algarvia, que, como se sabe, é um sítio onde se fala e escreve inglês e onde o golfe é o desporto-rei. Portanto, se o temos de dividir a nacionalidade do canídeo com alguém, sigamos a pista anglófona. Mas há contrapartidas: os bifes esquecem aquele incidente da Praia da Luz, devolvem-nos o Vale e Azevedo e não tocam no caso Freeport. É pegar ou largar.
O importante é resolver tudo com a máxima discrição, antes que mais alguém tente alargar o espectro e aproveite para dizer que afinal a raça do cão é europeia… A nós já deu um trabalhão fazer de um cão algarvio um cão português, e não aceitamos tudo o que ultrapasse este limite.
Quem não se deixou enganar pela manha dos espanhóis foi o próprio Obama. Ele sabe não só a região como a localidade de onde veio o cão e baptizou-o em conformidade. Bo! De Boliqueime, claro está, numa lindíssima homenagem à localidade onde o seu homólogo português nasceu.

sábado, abril 25, 2009

Já agora, e se acabássemos com a TVI?

Nota de comparência:
Estou a organizar uma milícia para uma destas noites, pela calada, subirmos ao retransmissor do Monte da Virgem para cortar uns fios. Levem uns alicates ou cortantes que tenham por casa. Eh pá, não façam perguntas… Limitem-se a aparecer. Oh, não insistam. Vocês são chatos… Pronto, está bem. Eu conto.
É que eu tenho como melhor ideia para todos nós – falo em nome da Humanidade, claro – boicotar as emissões da TVI, o 24 Horas das televisões.
Vamos lá ver se entro no espírito Luther King para vos convencer.
É que eu tenho um sonho. O sonho de não acordar assarapantado pelas camisas berrantes do Goucha e pela sua pândega partener dando aquele “ombro amigo” a uma desgraçada que perdeu não-sei-quantos familiares. O sonho de que a tranquilidade da digestão do meu almoço não seja interrompida, nem que seja só nos breves momentos de um zapping, pela estridente voz da Júlia Pinheiro e pelo seu coro de mulheres de meia-idade promovendo chamadas de valor acrescentado. O sonho em não me deparar com uma das doze novelas com nome de música portuguesa em que um canastrão qualquer (tipo José Carlos Pereira, não me acredito que fixei o nome) praticamente não mexe a boca para dizer com a espontaneidade de quem está a ler: “Então, e como é que vão as empresas do Salvador?” O sonho de a canalhinha, que devia de estar a estudar no Magalhães ao domingo à noite, não andar a cantar fados e canções de solidariedade. E, claro, o de sonho poder adormecer descansado sem ter de me lembrar que à mesma hora há uma ex-concorrente do Big Brother a ocupar tempo de antena, quando a mensagem mais importante que tem a dizer é: “Vamos lá, Sr. Domingos, frutas pela letra K, e não vale Kiwi!”
Por outro lado, sem a TVI o país ficava mais pobre. Isto porque perderíamos o Jornal Nacional das sextas-feiras. Um espaço tão inovador que até é apresentado por uma boneca de borracha, que por acaso me faz lembrar uma ex-cantora, ex-deputada do PP, e uma ex-propagandista do detergente Ariel.

P.S. Estou contra o Sócrates dizer que a TVI tem um “jornal travestido”. Acho um insulto… para os travestis. Esses sim, sabem colocar botox devidamente nas maçãs do rosto. Alguns têm caras bem perfeitinhas. E até nem desgosto da Manuela Moura Guedes, mas, sinceramente, prefiro que as notícias sejam dadas por jornalistas.
Até logo.

domingo, março 29, 2009

Qimonda ai ué!

A Qimonda pediu insolvência. Não satisfeitos por terem arrasado o SPOR71NG, os alemães decidem assim dar a extrema-unção ao maior exportador português em 2007. Já vi países declararem guerra por menos… Não me venham lá com a história dos brandos costumes, que, como ouvi alguém dizer por estes dias, numa genial tradução literal do inglês, “isso para mim são os fatos do Marlon Brando…”
Deixemos, porém, os entretantos e vamos aos finalmentes. O problema da empresa sediada em Vila do Conde é que não aparece um investidor capaz de a salvar. E isso acontece porquê, caro leitor? Porque o preço dos semicondutores baixou a pique nos últimos tempos e não é rendível continuar a produzi-los na Europa, responder-me-á, a franzir o sobrolho… Responde mal, e não me volte a franzir o sobrolho com a sua pose de superioridade.
O problema, claro está, é que Qimonda é nome de alta patente militar da Guiné ou de cidade ruandesa de média dimensão e, convenhamos, ninguém investe numa empresa com uma designação tão pouco fiável. Antes desta crise, a forma mais provável de ouvir este nome nas notícias era: “Continuam os massacres a tribos da etnia tutsi nos arredores de Qimonda…” ou “O general Jacques Qimonda lamenta a morte de Nino Vieira e assegura estabilidade política na Guiné-Bissau…”
Os concorrentes têm nomes indistintos ou futuristas como IBM ou Macronix, caramba!

Assinem a petição: Abaixo a tecnologia de ponta com plausíveis expressões de músicas do Raul Indipwo!

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Domínio Público

Tudo bem que se ande a discutir a possibilidade de casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Só vejo vantagens: Não me ofende e chateia a bispalhada... querem continuar a ser os únicos homens de saias com papel activo num matrimónio, é o que é. Porém, há coisas que já considero que são esticar a corda. Então não é que com o jornal Público de sábado, 14 de Fevereiro, DIA DOS NAMORADOS, vai sair o DVD do "Brokeback Mountain" - filme cujo título em português, numa tradução muito livre e perfeitamente consentânea com a acção, pode ser "A montanha das costas quebradas"? Para isto é que a sociedade não está preparada.