Vocês sabem ler? Respondam-me se andarem por aí… Sabem? Então vejam lá se compreendem esta pergunta… Não é por mal, mas eu vi nos últimos dias comentadores reputados e confrangedores deputados fazerem de conta que não a percebiam. A questão, que estes aprovaram (tanto em 1998 como em 2006), é que não tem culpa nenhuma disso e anda aí a ser chamada de enganosa, mentirosa, fraudulenta e mais não sei o quê. Ora, segundo julgo saber, as perguntas não são enganosas, enganosas são as pessoas que dão o dito por não dito, ou o aprovado por equívoco. Não foi, portanto, a questão que mudou subitamente de posição, porque, creio eu, as perguntas não têm vontade própria.
Como convém, aqui se transcreve a visada: "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"
Quem não percebeu levante o braço e acene, ao de leve, com a mão direita! Já agora, aproveite para se benzer enquanto ergue o “bastelo”.
Marques Mendes, cujo grau de honestidade moral se aproxima vertiginosamente do seu tamanho real (1,45 m, com tendência a encolher), conseguiu dar duas cambalhotas e meia ao vivo nas televisões de todo o país e cair em pé.
O líder da oposição, que tem um prazo de validade no cargo menor do que um iogurte exposto ao sol, aprovou esta pergunta há quase três meses e é defensor do Não no referendo. Contudo (peço agora um rufo de tambor), surpresa das surpresas, revelou esta semana que apesar de ir votar não quanto à despenalização, proporia … Hum, como é que se diz… Ah! Precisamente a despenalização das mulheres que fazem aborto. Ou seja, o nosso petiz concorda que é crime, mas diz que o crime não deve ter pena. Isto vindo de um agente legislador é brilhante, não é? Brilhante e memorável. Aliás, ele não fazia manobras destas desde os tempos em que andava de prancha de “bodyboard“ debaixo do braço!
Com efeito, chegamos a um ponto em que podemos adiantar que o trauma de Marques Mendes e daquele gajo que o Ricardo Araújo Pereira imitou e que agora não me lembra o nome é o facto de o aborto ser realizado num estabelecimento de saúde legalmente autorizado. É a tal coisa: “O aborto é proibido. Mas pode-se fazer... Só que é proibido.”
Pronto, portanto, aborto sim, mas clandestino, respeitinho é muito bonito e isto é um país de brandos costumes, intelectualmente influenciado por uma espécie que a ciência especializada denomina como “incoerentus oportunistis”.
Por acaso, por ter estado a pensar no Marques e no outro gajo já me ocorreram mais dois bons motivos para defender o aborto.
Até logo.
PS: Quem terá respondido melhor a este pensamento profundo foi Francisco Louçã, que advertiu: “O deputado Marques Mendes aprovou a pergunta há dois meses e agora o Dr. Marques Mendes vai a Aveiro dizer ao Dr. Marques Mendes de Lisboa que aprovou uma pergunta muito enganosa e que está muito irritado com o Dr. Marques Mendes porque percebeu que a pergunta o estava a enganar a ele próprio”.
PS II: Tenho pena de não apelidar de “papa-hóstias” e misseiros os partidários mais “hard core” do "Não". Mas eles arranjaram-me de borla um feto de plástico, daqueles que se vendem a um euro, e enviaram-me uma carta de outro que estava no além, e dizia: “Mãe, porque me mataste?” Perante isto passei a considerar que um feto é um bebé e que fazer um aborto é igual a um homicídio premeditado. Portanto, sou a favor de uma pena de 25 anos para quem o faça. E já agora vou votar no Salazar para maior português de sempre, fazer a saudação fascista e apoiar o PNR, destruir máquinas de preservativos ou invadir a Polónia e exterminar outras raças, sei lá…
Como convém, aqui se transcreve a visada: "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"
Quem não percebeu levante o braço e acene, ao de leve, com a mão direita! Já agora, aproveite para se benzer enquanto ergue o “bastelo”.
Marques Mendes, cujo grau de honestidade moral se aproxima vertiginosamente do seu tamanho real (1,45 m, com tendência a encolher), conseguiu dar duas cambalhotas e meia ao vivo nas televisões de todo o país e cair em pé.
O líder da oposição, que tem um prazo de validade no cargo menor do que um iogurte exposto ao sol, aprovou esta pergunta há quase três meses e é defensor do Não no referendo. Contudo (peço agora um rufo de tambor), surpresa das surpresas, revelou esta semana que apesar de ir votar não quanto à despenalização, proporia … Hum, como é que se diz… Ah! Precisamente a despenalização das mulheres que fazem aborto. Ou seja, o nosso petiz concorda que é crime, mas diz que o crime não deve ter pena. Isto vindo de um agente legislador é brilhante, não é? Brilhante e memorável. Aliás, ele não fazia manobras destas desde os tempos em que andava de prancha de “bodyboard“ debaixo do braço!
Com efeito, chegamos a um ponto em que podemos adiantar que o trauma de Marques Mendes e daquele gajo que o Ricardo Araújo Pereira imitou e que agora não me lembra o nome é o facto de o aborto ser realizado num estabelecimento de saúde legalmente autorizado. É a tal coisa: “O aborto é proibido. Mas pode-se fazer... Só que é proibido.”
Pronto, portanto, aborto sim, mas clandestino, respeitinho é muito bonito e isto é um país de brandos costumes, intelectualmente influenciado por uma espécie que a ciência especializada denomina como “incoerentus oportunistis”.
Por acaso, por ter estado a pensar no Marques e no outro gajo já me ocorreram mais dois bons motivos para defender o aborto.
Até logo.
PS: Quem terá respondido melhor a este pensamento profundo foi Francisco Louçã, que advertiu: “O deputado Marques Mendes aprovou a pergunta há dois meses e agora o Dr. Marques Mendes vai a Aveiro dizer ao Dr. Marques Mendes de Lisboa que aprovou uma pergunta muito enganosa e que está muito irritado com o Dr. Marques Mendes porque percebeu que a pergunta o estava a enganar a ele próprio”.
PS II: Tenho pena de não apelidar de “papa-hóstias” e misseiros os partidários mais “hard core” do "Não". Mas eles arranjaram-me de borla um feto de plástico, daqueles que se vendem a um euro, e enviaram-me uma carta de outro que estava no além, e dizia: “Mãe, porque me mataste?” Perante isto passei a considerar que um feto é um bebé e que fazer um aborto é igual a um homicídio premeditado. Portanto, sou a favor de uma pena de 25 anos para quem o faça. E já agora vou votar no Salazar para maior português de sempre, fazer a saudação fascista e apoiar o PNR, destruir máquinas de preservativos ou invadir a Polónia e exterminar outras raças, sei lá…
Sem comentários:
Enviar um comentário