quarta-feira, junho 13, 2007

São rusgas... mas das rapioqueiras

Quando me incumbirem de fazer uns textos sobre rusgas, eu pensei: "Bem, vou ver agentes da PJ entrarem de “shot-gun” em bairros de ciganos, trafucas serem encostados à parede enquanto levam uns sopapos de armários das forças policiais..." PURO ENGANO! As rusgas de que me falaram não eram mais do que as tradicionais marchas alusivas aos santos populares... Pior, de Gaia! Com efeito, nos últimos dias vi gente que gastou 90 contos em espuma injectável para fazer uma composição que consistia num carro de bois com uma cascata atrelada, contactei com personagens que se auto-denominavam de "Quim do Areínho", e conheci sítios tão bonitos como a Marroca ou S. Martinho d'Além, que sim, efectivamente ficam naquilo que se designa de Área Metropolitana do Porto.
Já agora, não acham bestial a aplicação da palavra rapioqueiro em expressões e sentimentos apenas alusivos a esta quadra? O termo é de facto um “case study” da língua portuguesa, uma vez que define logo à partida não só a idade de quem o profere, como o local e o acontecimento, sem ser preciso sequer empregá-lo numa frase. Ou seja, ninguém é rapioqueiro em Lisboa, ninguém é rapioqueiro em Dezembro, ninguém é rapioqueiro se tiver menos de 60 anos. Nunca ouvi dizer: “Tenho uma vizinha de 20 anos, que é bem boa, que me parece ser bastante rapioqueira…” Não, rapioqueiro é uma expressão sazonal, que por alturas de Junho define o espírito alegre de velhinhas (e velhotes também), que deambulam pelas ruas do Porto nas noites de S. João, sempre de alho-porro na mão, que isso de martelinhos é para a juventude.

Até logo.

2 comentários:

Unknown disse...

estivemos lá... sempre em força...
a nata da imprensa regional! :P
se vivessemos em qualquer outro lado já haveriam canções entituladas: "ah! meu rico boi d'espuma" ou "a espuma das rusgas"....

abraço!

Patapon disse...

Olha, é o meu companheiro de rusgas!